
Standard Chartered projeta recuperação gradual do dólar com estímulo fiscal de Trump
Analistas do Standard Chartered preveem uma recuperação do dólar americano, mesmo após sua recente fraqueza. Para eles, os estímulos fiscais propostos pelo presidente Donald Trump devem, com o tempo, fornecer o impulso necessário à moeda. No momento, porém, o dólar continua sob pressão após o anúncio de tarifas de importação em grande escala.
Estrategistas cambiais do banco afirmam que as medidas fiscais devem sustentar a moeda mais cedo ou mais tarde. No curto prazo, projetam uma recuperação moderada.
No dia 3 de abril, o dólar caiu quase 2%, atingindo o menor nível em seis meses — sua maior queda diária desde novembro de 2022. O tombo ocorreu logo após Trump anunciar uma tarifa-base de 10% sobre todas as importações, além de tarifas elevadas, de até 54%, contra países específicos, como a China.
Para os analistas do banco, o mercado foi surpreendido pela “severidade das tarifas”, classificadas como a ação comercial mais agressiva desde a crise financeira de 2008–2009. Naquela época, o dólar era visto como um ativo de refúgio e se valorizava à medida que os investidores buscavam segurança. “Desta vez, o cenário parece diferente”, observou o banco.
A queda foi uma das mais acentuadas dos últimos 15 anos. Curiosamente, também marcou um dos raros episódios em que o dólar recuou mesmo diante de uma liquidação nos mercados acionários globais — um desvio incomum em relação ao seu comportamento típico como porto seguro.
O banco atribui essa menor demanda pela moeda americana à fraca necessidade global de liquidez em dólares. “Houve pouco sinal de pânico por parte dos setores público ou privado fora dos EUA em busca de financiamento em dólar”, explicaram.
Na projeção base do Standard Chartered, o dólar deve apresentar uma recuperação gradual ao longo do segundo trimestre de 2025. “A reação do mercado certamente levantou dúvidas, mas esperamos que o pacote fiscal adicione estímulos líquidos, impulsione a economia de forma cíclica e leve a taxas mais altas — e, consequentemente, a um dólar mais forte”, concluíram os analistas.